- Jeff Costa
Como criar laços com os alunos e por que isso é importante?
A relação pedagógica quando perpassada pela afetividade, pela amorosidade e pela dialogicidade, oportuniza o desenvolvimento da educação como prática de liberdade e de humanização.
Paulo Freire

Cada ser humano é ímpar em suas singularidades. Cada ser humano deseja algo diferente, tem interesses e anseios distintos, sonhos. Imagine então uma sala com dez indivíduos (ou mais) com todas suas particularidades. Um desafio tratar com tanta diversidade, certo? É agora, então, que devemos refletir sobre a importância de criar laços, ou como dizem em países de língua inglesa, build rapport.
Criar laços permeia uma palavra-chave: respeito. Como dito acima os alunos são seres singulares e é preciso estar atento ao que os torna únicos. Uma relação respeitosa de amorosidade e amizade entre professor e alunos é o que garante um semestre aprazível e sereno. Mas é importante ter em conta que construir essa relação de amizade com os alunos, não significa abrir mão do papel de autoridade em sala de aula, mas sim, de
compartilhar poder.
A amorosidade vincula-se à autoridade uma vez que por amor às novas gerações, o educador deverá se posicionar diante delas como alguém capaz de protegê-las da exposição a situações para as quais ainda não estejam preparadas. Paulo Freire
Tal reflexão é valiosa tanto para crianças quanto para adolescentes, uma vez que o segundo grupo também está em desenvolvimento para se tornar adultos plenos e auto-conscientes.
Alguns passos simples podem ser tomados de modo a criar laços com os alunos:
Saber o nome e sobrenome dos alunos
Chegar cedo e ficar até mais tarde nas aulas
Oferecer elogios para a participação dos alunos
Mostrar-se curioso pelos interesses dos alunos
Manter contato com os alunos online (Whatsapp, Google Classroom, Edmodo)
Interagir com os alunos durante as aulas
Prestar atenção ao TTT (teacher talking time) e incentivar que os alunos falem mais
Compartilhar poder na sala de aula
Ter auto-percepção
Respeitar os alunos
Respeito é, novamente, a palavra-chave para que todas as outras sugestões funcionem. Quando educador e educandos se respeitam o ambiente se torna leve e o prazer por ensinar e aprender passa a fazer parte do dia-a-dia na sala de aula.
Outro pensador e educador que reconhece a importância da afetividade na sala de aula é Juan Uribe.
O ensino afetivo é o ato democrático de apoderar alunos e educadores com o objetivo de aprendizagem conjunta em uma relação afetivo-pedagógica, consciente, curiosa e comprometida. Juan Uribe
Outra palavra importante na criação de vínculos é o empoderamento. Que vivemos na era do empoderamento nós já sabemos. Empoderamento feminino, empoderamento negro, empoderamento LGBT. Mas como esta palavra se reflete na sala de aula? Empoderar os alunos, aqui, é torná-los conscientes de que são eles os autores de sua própria história, assim sendo, são os autores da sua educação. Pensando assim o papel do professor não é o de quem transfere conhecimento, mas sim de quem cria possibilidades de própria produção ou criação, como disse Paulo Freire.
Quando o aluno se sente empoderado e reconhece que este empoderamento foi nutrido pelo professor, novamente o respeito e a admiração são elevados na relação educando — educador.
Agora imagine dois cenários possíveis:
1 Faltam quinze minutos para minha aula. Faz três meses que estou com essa turma e sinto que meus alunos não gostam de mim e eu não conheço nada sobre eles para puxar assunto.
2 Será que o Felipe conseguiu aquele estágio que ele tanto queria? Não vejo a hora de chegar na sala e perguntar.
Estes são dois cenários com grandes chances de acontecer, e aposto que você, como eu, já passou pelos dois. Ultimamente o segundo tem sido mais corriqueiro nas minhas aulas que o primeiro, e eu sinceramente espero que após ter lido este artigo isso seja também verdade para você.
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